terça-feira, 25 de novembro de 2008

sem paradoxos

Desfaz-se o intervalo entre sombras e luzes.
As cores se despem, libertas do artifício do brilho.


Luminosidade e escuridão perdem contorno
e fundem-se à caótica penumbra que mistura
enfeitadas mentiras e doídas verdades.

Um breve instante desprovido de sentido.

O que de repente se fez tão especial
retorna ao debate inútil, inconvicto,
de um tema tão simples... tão banal.


Sonia R.


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

perfil

Talvez eu seja apenas este medo
que transpira a noite incerta
que me traz o som da seresta
mas nega-me da lua a candeia.

Quem sabe seja eu a crença
evaporando-se na ilusão
que confunde nomes de flores
e relembra velhos aromas
de amores malsãos.

Talvez eu seja apenas o cansaço
a máscara da melancolia
sob o sorriso aberto
ou sob o corpo que reclama
o fato de estar desperto...

Sonia R.

e por falar em saudade...



poeta do meu pensar

por onde anda, diga

a voz que me cativa

da alma de teus versos

que se fizeram reflexo

na saudade tonta, vadia

que debalde procura

e não mais encontra

a tua poesia?



Sonia R.


teste



Foi prova

nova reprova

foi análise

foi catarse

foi trombada

de cara

com a mentira

embutida na metáfora

da vida.



Sonia R

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

semântico




Fechado o círculo,

perdem-se os extremos

de começo e fim.


A infinitude do tempo repousa


na vibração plena do instante.


Sonia R.


domingo, 16 de novembro de 2008

DE CARINHOS



de tuas mãos
eu quero o perfume
e um buquê de afagos

em tuas mãos
quero minha pele
e a avidez do tato

de nossas mãos,
as tuas e as minhas
explorando caminhos

quero o entrelace!


Sonia R.

CONTEXTUAL



Difícil conter os versos
apelos afoitos
das palavras
apuradas no mel
dos momentos plenos
do sentir inteiro
que miram o salto
e querem atirar-se
do grito mais alto.

Difícil conter a ânsia
desvairada do verbo
pássaro solto
asas abertas
olhar no infinito
querendo voar.



Sonia R.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

INQUIETAÇÃO

Do alto da quimera

assisto ao sonho que oscila

num pêndulo de medos

... e esperas.



Sonia R.

ENFRENTAMENTO



Que entre em mim a música,

penetrem-me seus acordes!...

Que venha também a chuva,

seus pingos em sussurros!

Que venham todos os sons,

todos os murmúrios.

Que é neste corpo-a-corpo

que digo a mim:

- Lembranças?

Apenas um déjà vu...

um algo que não vivi.


Sonia R.

CATAVENTO


Conheces o lado
que se dá à grimpa,
que acompanha o ritmo,
que segue a direção.
Mas há enigmas
enquanto sou brisa
que afaga e acalma,
enquanto sou pausa
na quietude lassa,
ou quando me entrego
sem máscaras
e sem paradigmas
e um pote de ecos,
que guarda emoção,
entorna sem fleuma,


às vezes rajada,
às vezes tufão.



Sonia R.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

SEM MAIS

não quero a intransparência
de um vidro tosco
que se quer cristal

não quero o gesto esgueirado
que presume o óbvio
de um drible mal dado

nem quero o amor sem cuidados
disperso em versos
de rebusque manipulado


quero sim a poesia pura
que se ajoelha à lua,
e ora com simplicidade.


Sonia R.

sábado, 1 de novembro de 2008

AMAR TAMBÉM É...


PENSAMENTO






"Quando se aprende a ouvir a música silenciosa de um olhar,
descobre-se que as notas audíveis, muitas vezes, são puro descompasso".

(Sonia R.)

pouso borboleta

asas confiantes

na leveza de tuas mãos


Sonia R.

QUEM ÉS?


Olhos que já me viram
em cotidianos mistérios
que sondaram meus enigmas
perscrutaram minhas cismas
e os vazios de minhas rimas...

Por que tentam perfurar a crosta
deste meu véu de impostura
e me seguem no viés
dos caminhos tão sem rastros
por onde desliza farto
o peso dos meus cansaços?


Sonia R.


DÍSTICOS